Pelo menos 13 pessoas morreram no Rio Grande do Sul em decorrência do ciclone extratropical que passou pelo estado entre quinta e sexta-feira, dias 15 e 16 de junho. 

Uma das vítimas foi a professora e ex-regente das Meninas Cantoras de Nova Petrópolis, Agnes Schmeling. Ela esteve à frente do coro entre 2006 e 2010. Após seu desligamento do coral, Agnes foi morar com o esposo e a mãe, numa chácara, em Maquiné, no litoral gaúcho. 

A casa da família foi atingida por um deslizamento durante a passagem do ciclone. Agnes, a mãe de mesmo nome, e o esposo, Almir Marques Portela Lopes, morreram. O corpo de Almir foi localizado na sexta-feira; o de Agnes e da mãe, apenas no sábado. 

Após saberem da tragédia, ex-alunas manifestaram em suas redes sociais, o pesar pela perda da ex-mestra e amiga. 

Anelise Maldaner, que integrou as Meninas Cantoras de Nova Petrópolis no período em que Agnes esteve à frente, escreveu um texto após receber a notícia da tragédia. “Mandei mensagem pra ela perguntando como estavam diante das chuvas em Maquiné. Ela não respondeu, não estranhei porque ela não era tão “internética”, uma hora a resposta viria com um - oi, tô com saudades! Precisamos nos ver. A resposta não veio!”. 

Anelise ainda mantinha conto com Agnes. Quando ela vinha à Serra Gaúcha, se hospedava na casa dos seus pais. A última vez que se viram foi no ano passado, quando Agnes e a mãe passaram um domingo com a família em Nova Petrópolis. 

Anelise contou, ainda, em seu relato, que Agnes morava em um paraíso, o qual teve o prazer de conhecer há alguns anos. 

Como pessoa e profissional, Anelise destacou as suas maiores qualidades: “A Agui era um anjo na terra, de verdade! Ela cuidava, integrava, ajudava, cantava e encantava”. 

No Facebook das Meninas Cantoras de Nova Petrópolis, que se encontrava inativo desde 2019, também houve homenagens à ex-regente. Além de fotografias da trajetória, um texto falando de sua contribuição com a formação de inúmeras meninas cantoras e das infinitas lembranças que permanecerão: “A Agnes foi regente das Meninas Cantoras de Nova Petrópolis por vários anos e ajudou na formação de tantas meninas e mulheres, nosso agradecimento é eterno. E eternas também são todas as lembranças, histórias, cantorias e ensinamentos que a Agui nos deixou. Sem contar as vezes que ela nos recebeu na sua casa, no sítio e com a família também, para nossos diversos retiros. Tristeza é o sentimento mais forte que sentimos hoje e a Agnes vai fazer muita falta. É difícil acreditar em tamanha tragédia”.

Mesmo após sair do coro, em 2012, junto com a então regente Cristiane Ferronato, Agnes acompanhou as Meninas Cantoras em viagem memorável à Barcelona, na Espanha.

Atualmente, Agnes lecionava no Campus Osório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), que decretou luto oficial de três dias, com a suspensão das atividades acadêmicas e administrativas.

Em sua página, o IFRS mencionou a formação de Agnes, destacando a sua dedicação à música: “A professora Agnes Schmeling teve uma destacada atuação em benefício da arte e da cultura no IFRS e na comunidade, em especial na área da música. Desempenhava a função de coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura do Campus Osório, o qual tem promovido inúmeras ações para instigar, incentivar e oportunizar o contato de estudantes, servidores e da comunidade externa com iniciativas artísticas. Ela coordenou ou integrou diversos projetos ligados à música no Campus Osório e promoveu ações para ensinar e incentivar a música junto a diferentes escolas do município. Agnes também fez parte da equipe de professores do Projeto Prelúdio do IFRS – Campus Porto Alegre, no qual regeu os corais infantil e juvenil, ministrou aulas de canto e cursos de formação de professores em música. Graduada em música, tinha mestrado em educação musical. Integrava ainda o Grupo de Pesquisa “Cotidiano e Educação Musical”, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A cerimônia de despedida à Agnes Schmeling, a mãe Agnes Schmeling e o esposo Almir Marques Portela Lopes ocorreu neste domingo, 18, na Capela da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo.