Delegacia de Polícia de Nova Petrópolis conclui investigação sobre desvio de ativos da Cooperativa Piá

Valor desviado no esquema criminoso ultrapassa R$ 1,6 milhão de reais

Foto: Mauro Stoffel

A Delegacia de Polícia local concluiu uma investigação complexa que desvendou um esquema de desvio de ativos de uma Cooperativa Agropecuária PIA, orquestrado por seus dirigentes e familiares. O esquema causou um prejuízo vultoso à entidade e a seus cooperados.

A investigação, coordenada pelo delegado Fabio Idalgo Peres, exigiu a análise de dados de mais de cinco mil páginas, incluindo extratos bancários, notas fiscais, contratos e atas de reuniões. O delegado e sua equipe trabalharam incansavelmente para desvendar o esquema e reunir provas suficientes para o indiciamento dos envolvidos. O valor desviado no esquema criminoso ultrapassa R$ 1,6 milhão de reais.

O ex-presidente da cooperativa, em conluio com seu filho, sua nora, seu sobrinho, e o ex-vice-presidente, desviaram recursos e bens da cooperativa por meio de fraudes e lavagem de dinheiro. O esquema envolveu a venda fraudulenta de 16 veículos da frota da cooperativa, a utilização de empresas ligadas aos familiares do ex-presidente para ocultar a origem ilícita dos recursos e a simulação de contratos de consultoria para justificar pagamentos milionários.

O filho do ex-presidente, sócio de duas empresas de soluções empresariais e contábeis, recebeu da cooperativa mais de um milhão e cem mil reais em pagamentos por serviços de consultoria tributária que não foram comprovadamente prestados. 

O indiciado somente foi inscrito nos quadros do Conselho Regional de Contabilidade em julho de 2022, segundo a entidade de classe. O sobrinho do filho do ex-presidente, sócio de uma empresa de representações comerciais, adquiriu os veículos por valores irrisórios, ciente da origem ilícita dos recursos.

A nora do ex-presidente, esposa de seu filho e também sócia de uma das empresas envolvidas, recebeu valores da empresa em sua conta pessoal, participando ativamente do esquema de lavagem de dinheiro.

A investigação:

A análise financeira realizada pela equipe de investigação revelou um complexo fluxo de transações entre as empresas envolvidas, demonstrando a intenção de ocultar a origem e o destino dos recursos. O delegado indiciou os envolvidos pelos crimes de furto qualificado mediante fraude, associação criminosa e lavagem de dinheiro. 

O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público, que deverá analisar os fatos.

O resultado da investigação é uma prestação pública de informações, demonstrando o compromisso da Delegacia de Polícia em combater o desvio de recursos e proteger o patrimônio das cooperativas e principalmente de seus cooperados.

A remessa do inquérito não impede a análise de outras evidências e o possível envolvimento de outras pessoas.

Antes da debandada da diretoria, em maio de 2023 a cooperativa assumiu diversas dívidas milionárias com escritórios de advocacia e consultorias, totalizando mais de R$ 4 milhões de reais. 

Essa assunção de dívidas pela cooperativa foi feita enquanto passava por grave crise financeira, sem pagamento aos produtores de leite e com saques em espécies nos mercados e agropecuárias, beneficiando desligamento de empregados ligados diretamente à diretoria em detrimento a pagamento de outros. Tais empregados foram indiciados e responderão por termo circunstanciado. As investigações continuam independente da remessa desse procedimento.

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