Quando o Papai Noel tem nome, história e coração

Escolhido em concurso, Vilmar transformou brincadeira em missão e vive a magia do Natal ao realizar, em cada abraço, o sonho que não teve na infância

Fotos 50mm/Vini Martins e Marcelo Farinha / Fernanda Anschau

Por trás da barba branca, traje vermelho impecável e sorriso que acolhe centenas de crianças todos os anos está Vilmar Coutinho, o Papai Noel oficial de Nova Petrópolis desde 2023. A escolha para ser o bom velhinho veio através de um concurso organizado pela ACINP. Vilmar brinca que foi “forçado” pelos amigos a se inscrever. Dois dias depois recebeu a ligação que dizia que ele tinha sido escolhido. “Fiquei muito feliz. Representar a cidade é um orgulho enorme. Então, vamos lá, vamos fazer ", comentou. 

O caminho até se tornar o bom velhinho começou antes da oficialização em 2013. Com apenas um cavanhaque, Vilmar começou a fazer pequenas aparições como Papai Noel, o hobby cresceu quando sua esposa, professora, o convidou para visitar sua turma. Colegas chamaram, escolas pediram e, aos poucos, a barba começou a fazer parte da rotina. Em 2018 começou a deixar a barba crescer por dois meses, depois foi aumentando o tempo até que a partir de 2022 passou a cultivá-la a partir de janeiro. “Terminava o Natal, eu tirava a barba. Depois já começava a preparar para o próximo ano”, conta.

O que começou como uma brincadeira, agora é compromisso sério, durante a temporada natalina sua agenda é cheia e curta, como ele mesmo diz. No dia 24 de dezembro começa às 8 da manhã e segue até a madrugada do dia 25, no próprio dia 25 começa às 9h e só termina tarde da noite. Mesmo com a rotina intensa, Vilmar afirma que a recompensa é maior. Sua motivação não vem do espetáculo, está na infância. “Eu tento transmitir para as crianças aquilo que eu queria ter recebido quando era pequeno”, afirma. Vilmar não teve Papai Noel quando criança, e hoje se dedica para que as crianças possam ter esse personagem em suas vidas. 

Ao lado da esposa, a Mamãe Noel, ele vive momentos de emoção ano após ano. Algumas crianças choram de medo mas depois voltam para abraçá-lo, e outras vão ao seu encontro imediatamente. Entre os vários pedidos, existem aqueles que não tem como esquecer. Vilmar lembra até hoje de um pedido que recebeu em 2023. Apesar de não se lembrar de quem era a criança, recebeu uma cartinha de uma menina que havia desenhado sua família com o seguinte pedido: “Querido Papai Noel, eu gostaria que o senhor trouxesse meu papai de volta”. “Ela abriu o coração pro Papai Noel. É o tipo de pedido que não tem como atender. Isso machuca,” comenta Vilmar.

Entre os momentos marcantes, também destaca as visitas à APAE: “É mágico. Eles se transformam. Expressam um amor tão verdadeiro que não dá pra explicar”, e reforça que não são só as crianças que expressam o afeto e carinho, idosos também vão até ele com esse objetivo. 

A cada ano, o sentimento de vestir o traje pela primeira vez é o mesmo: “Tremedeira. É um momento diferente, indescritível, desde o momento de tirar as medidas, a primeira prova até a retirada do traje". E é por trás desse traje que está Vilmar, um homem simples, com história de vida, sonhos que não realizou e marcas da infância que ecoam no que faz hoje. “O que eu faço é o que eu queria que fizessem comigo quando eu era criança”, disse. E talvez seja por isso que ele leva cada abraço, cartinha, olhar de carinho tão a sério. Por trás da fantasia não existe um personagem, mas sim uma pessoa que vive a magia do Natal.

Texto: Fernanda Anschau

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