Polícia Civil deflagra operação "Rota Desviada" em cidades do RS e PR para apurar fraude na AUNP

Ex-presidente da associação é suspeito de liderar um esquema que pode ter causado um prejuízo superior a R$ 430 mil à Prefeitura e estudantes

Imagem: Divulgação

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Polícia de Nova Petrópolis, deflagrou, na manhã de hoje, a Operação Rota Desviada. Sob a coordenação do Delegado Fábio Idalgo Peres, a ação cumpriu sete mandados de busca e apreensão nos municípios de Nova Petrópolis e Linha Nova, no Rio Grande do Sul, e em Maringá e Flórida, no Paraná.

A ação é um desdobramento de um inquérito policial que investiga um complexo esquema de desvio de valores na gestão da Associação dos Universitários de Nova Petrópolis (AUNP). A investigação apura a responsabilidade do ex-presidente da associação, suspeito de liderar um esquema que pode ter causado um prejuízo significativo. Estimativas iniciais apontam para valores que superam os R$ 430.000,00, montante que será consolidado ao longo do inquérito policial. A fraude foi descoberta a partir de uma fiscalização de rotina do gestor de parcerias da Prefeitura Municipal. Durante a análise das contas, o gestor identificou inconsistências contábeis graves, incluindo um saldo inicial irregular e a falta de depósitos da contrapartida da associação. Tais apontamentos levaram à apuração interna pela diretoria e, consequentemente, à formalização da ocorrência policial.

Método Investigado

Segundo as apurações, o principal método de desvio consistia em fraudar a gestão dos recursos financeiros da AUNP, que administra uma parceria público-privada com a Prefeitura de Nova Petrópolis para custear o transporte de estudantes. Os valores, provenientes das mensalidades pagas pelos associados, eram depositados na conta de arrecadação da entidade. No entanto, antes que a contrapartida devida fosse transferida para a conta específica da parceria, monitorada pelo poder público, os valores eram sistematicamente desviados. A investigação apura ainda a possibilidade de outras frentes de fraude, como o possível superfaturamento de boletos emitidos aos estudantes, onde os custos de transporte teriam sido artificialmente inflados para gerar um excedente ilícito. A apuração também inclui a suspeita de simulação de despesas operacionais, que seriam justificadas com documentação fiscal inconsistente para encobrir as saídas de caixa.

Impacto e Diligências

A fraude impactou diretamente o orçamento dos estudantes e comprometeu a saúde financeira da associação, que acumulou dívidas significativas com fornecedores. Embora o esquema tenha sido desenhado para evitar o toque direto nos repasses do município, a manipulação dos custos totais do transporte afeta a base de cálculo sobre a qual a subvenção pública é aplicada, sendo este um dos focos da apuração. A Operação Rota Desviada visa apreender documentos, equipamentos eletrônicos como celulares e computadores, e outros elementos de prova que possam detalhar a extensão do esquema, rastrear o destino dos valores e identificar outros possíveis envolvidos. Os mandados foram cumpridos em endereços ligados ao investigado, à sua empresa de marketing digital e a pessoas próximas que possam ter tido participação nos atos ilícitos.

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